
PROFESSOR: Olímpio Cruz
ALUNA: Marianna Cunha
JORNALISMO-NOTURNO
TURMA: A
16/05/2008
Resenha Crítica: 1968, O ano que não terminou.
O ano de 1968 foi um ano de explosão, de uma resposta às lutas e mudanças de uma geração que questionou os valores que eram impostos por uma sociedade que vivia com medo, cercada por uma ditadura. O livro “1968, o ano que não terminou”, do jornalista Zuenir Ventura, retrata a saga dessa geração.
Ventura narra de uma forma romântica as várias histórias que escutou e presenciou relatando assim os vários pontos de vista do que foi "68".
O livro começa relatando o reveillon na casa de Heloísa Buarque de Hollanda. A festa foi como uma libertação para alguns de seus convidados. "Foi uma explosão de sexualidade, violência, prazer e ansiedade, que marcou tanto as reminiscências da época".
A viagem experimental começa. Casamentos eram desfeitos por questionamentos da vida "certinha" burguesa que eles tanto condenavam. Experiências sexuais, homossexuais e drogas eram um novo mundo a ser conhecido. A liberdade sexual, que a mulher conquistava com a descoberta da pílula anticoncepcional, impulsionou vários outros tipos de liberdades como o uso de roupas mais curtas e sensuais e o próprio divórcio.
Os jovens tinham uma enorme vontade de experimentar, tanto na política, quanto no comportamento. Militâncias estudantis se formavam. A luta contra a ditadura era um grito a ser dado pelos jovens. Mas os mesmos se contradiziam com a esquerda "conservadora", que tratava o homossexualismo e as drogas como uma doença da burguesia. E a outra "esquerda festiva” (termo usado pelo jornalista Carlos Leonam, na sua coluna no JB).
As revoltas começavam não só no Brasil, mas também em todo o mundo. Os jovens de uma maneira geral lutavam pelas mesmas coisas, mas em momentos diferentes em cada país. Nos Estados Unidos, a revolução sexual. No Brasil a luta contra a ditadura. Na França a luta era pela reforma trabalhista.
Ventura ainda faz relatos aos movimentos culturais da época que dividiam a paixão do povo brasileiro, entre a Bossa Nova, com Vinícius, Tom, Chico Buarque, e a Tropicália, com Caetano e Gil.
"Alguns mal entendidos e muito subentendidos, alimentaram a campanha antichicolatria dos tropicalistas e fizeram com que as relações entre Caetano e Chico, Chico e Gil ficassem abaladas por muito tempo”, relata Ventura.
A arte não vivia sem a política. Toda e qualquer forma de arte tinha um tom de manifesto maquiado para poder passar pela censura. Diante disso houve um ABI (Associação Brasileira de Imprensa), importante encontro de intelectuais e artistas para protestar contra a censura.
Ventura relata a reação, com insultos e palavrões, do general Façanha, que desencadeou um mês de uma inédita greve de 72 horas dos teatros do Rio e São Paulo com manifestos e a presença de nomes representativos da classe artística.
A morte do estudante Edson Luís Lima Souto provocou uma grande indignação e um ponto final a tolerância. O jovem de 18 anos foi assassinado à bala por um PM em um choque no restaurante estudantil do Calabouço. Edson Luís foi sepultado à luz de velas, e de archotes improvisados ao som do hino nacional.
O episódio do calabouço desencadeia uma série de manifestos que culminaram na lendária Passeata dos 100 mil. Foi a passeata mais importante. Ela tornou uma forma de disputa de slogans.
Uns gritavam: "Só o povo armado derruba a ditadura". Outros revidavam: “Só o povo organizado derruba a ditadura". Eram dois grupos lutando pela mesma causa. Uns revolucionários e outros reformistas. A quem diga que os slogans se juntaram: “Só povo armado e organizado derruba a ditadura".
Essa foi apenas uma de várias “batalhas” a ser disputada.
No ano que o golpe de 64 completava o seu quarto aniversário, Costa e Silva, decretou o AI-5.A partir daí, o livro conta os exílios, prisões, torturas, desaparecimentos de estudantes e militantes da época. De fato, o país acumulou uma considerável soma de crises que atingiram todas as áreas. O ano de 1968 termina com tristes relatos de uma terrível sangrenta luta de vozes e armas.
Em minha opinião, o livro de Zuenir Ventura é bem detalhista. De uma maneira romântica, podemos acompanhar as experiências e fatos vividos pelas pessoas da época. Na narrativa de Ventura, temos a oportunidade de ouvir relatos pessoais, o que dá ao livro um envolvimento maior com a história. Parece que o livro é contado por cada pessoa que viveu naquele ano. Ventura passa com excelência a grande paixão e dor que tornou o ano de 1968 um marco histórico.
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